"O Ódio que Deixei de Ter" – Uma Reflexão Sobre a Crueza da Vida e a Luta pela Transformação
- Beto Conde
- 24 de fev.
- 3 min de leitura
Ao unir peso com groove de forma única, música da Banda Disruptura é Hino para os desiludidos e um chamado para a ação

A canção "O Ódio que Deixei de Ter", composta e interpretada por Ramon Pires, surge como um manifesto poético e crítico sobre as contradições da vida moderna, a luta pela sobrevivência e a busca por sentido em um mundo marcado por injustiças e dualidades. Com letra densa e imagens impactantes, a música convida o ouvinte a refletir sobre temas como produtividade, ética, hipocrisia e a constante batalha entre esperança e desespero. “Fiz a letra depois de ser expulso do lugar onde eu morava. O dono me colocou para fora porque eu queria montar uma banda de rock. Passei a noite na rua com malas, instrumentos musicais e tudo que eu tinha. Foi um pesadelo”, revela o vocalista da Banda Disruptura. Ramon Pires consegue capturar a essência de um mundo em crise, onde a luta pela sobrevivência muitas vezes se sobrepõe à busca por significado. A obra ressoa com quem já se sentiu preso em um sistema opressor, mas também oferece um lampejo de esperança para os que acreditam em mudança.
A Letra: Um mosaico de contrastes
A música começa com uma metáfora poderosa: "Você pensa que o jogo está prestes a acabar / Mas saiba que o jogo está só para começar". Essa introdução já estabelece o tom da obra, sugerindo que a vida é cheia de incertezas e reviravoltas. Ramon Pires questiona a noção de certo e errado, destacando que nada é tão claro quanto parece. A linha "Reproduza os meus defeitos / E eu lhe entrego os meus lucros" parece criticar a exploração das fraquezas humanas em prol de ganhos materiais, um tema atual em uma sociedade cada vez mais individualista.
A letra também aborda a ideia de produtividade escondida em "falsas amizades", sugerindo que, muitas vezes, as relações humanas são instrumentalizadas para benefícios pessoais. A frase "Leia o que eu tenho / Por alguns centavos" pode ser interpretada como crítica à desvalorização do trabalho artístico e intelectual, em um mundo onde tudo tem preço, mas pouco tem valor real.
A Fome de Vida e o Peso da Existência
Um dos trechos mais marcantes da música é o refrão: "E eu que tenho fome de vida / Estou me enterrando junto com os mortos". Aqui, Ramon Pires parece expressar um sentimento de contradição: a vontade de viver plenamente é sufocada pelo peso das expectativas sociais, da rotina exaustiva e da sensação de estar preso em um sistema que não valoriza a essência humana.
Crítica Social e Ética Relativizada
A música também faz crítica contundente à moralidade e à justiça. "Todos os crimes são bem pagos / Basta ser abençoado / Todos os pecados são perdoados / Basta você mudar de lado" é um verso que expõe a hipocrisia de uma sociedade onde o poder e o dinheiro podem absolver qualquer erro. A ideia de "Quebre todas as regras / Antes que elas te quebrem" parece ser a necessidade de resistência e rebeldia diante de um sistema capitalista cada vez mais opressor.
Além disso, a letra contrasta as "ruas sujas" com as "ruas limpas", simbolizando a marginalização e a ilusão de pureza. A frase "Consuma toda sua / Juventude muda / Para conseguir ter uma / Velhice surda" parece ser um alerta sobre como a sociedade consome a energia e os sonhos dos jovens, deixando-os conformados ou alienados e manipuláveis na velhice.
Um Chamado à Transformação
Apesar do tom sombrio, a música não perde a esperança. O verso final, "Espero esse jogo conseguir virar", sugere que, mesmo diante de tantas adversidades, ainda há uma chama de esperança por mudança. Ramon Pires parece convidar o ouvinte a refletir sobre suas próprias escolhas e a buscar uma transformação pessoal e coletiva.
Uma Obra que Ressoa no Tempo Atual
Em um momento onde questões como saúde mental, desigualdade social e a busca por propósito estão em pauta, "O Ódio que Deixei de Ter" se torna não só um hino para os desiludidos, mas também um chamado à ação. Ramon Pires, com criatividade e sensibilidade, nos lembra que em meio ao caos há espaço para transformação.
Letra da música: https://www.letras.mus.br/disruptura/o-odio-que-deixei-de-ter/
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Fonte: Ray
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